sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Recomendação da semana: Ratos de Porão – Anarkophobia


Ratos de Porão – Anarkophobia [1990]
(Por Gabriel Ferreira)
O Ratos de Porão foi se inovando a cada lançamento desde a sua fundação, nos primórdios da década de 1980. Calcados inicialmente no Punk Rock, logo no início da carreira buscaram a sua identidade, tocando mais rápido do que o restante das bandas da cena punk paulista, e assim, migrando para o Hardcore (que nem tinha esse nome na época) e, mais tarde, para o Crossover. Por conta disso, não só o vocalista João Gordo, como também a banda ganharam a fama de traidores, que permanece até hoje entre os mais extremistas (lê-se idiotas).
Essa evolução começou em “Descanse Em Paz”, “Vivendo Cada Dia Mais Sujo e Agressivo” e “Brasil”, ambos clássicos do Crossover e Hardcore, que mostravam uma banda ainda em amadurecimento apesar de competente. Na época dos lançamentos, o Ratos abandonou o circuito punk de São Paulo e se tornou parte integrante do underground do Heavy Metal brasileiro. Por conta desse fato, a relação entre eles e o Sepultura se estreitou, promovendo uma troca de influências entre os dois grupos.

Essa troca gerou um dos registros mais diferentes da discografia dessa verdadeira entidade do Punk Rock/Hardcore. “Anarkophobia” é o estágio final da mudança sonora e conta com uma enorme influência do Thrash Metal, aliada a um Crossover mais bem elaborado e técnico. Foi, assim como o antecessor “Brasil”, gravado em Berlim sobre produção de Harris John e tem capa assinada por Marcatti. Os dois, inclusive, ganharam edição em inglês lançada apenas no exterior.
Muitos fãs torcem o nariz para o disco até hoje, e o próprio RDP afirma que ele “foi um passo maior do que a perna”. O fato é que eles nunca tinham realizado algo da complexidade presente aqui. Variações rítmicas e solos são uma constante ao longo dos quase 40 minutos de audição, que vai desde momentos mais Hardcore (como nas clássicas “Morte Ao Rei” e “Ascensão e Queda”) a composições totalmente Thrash (a abertura “Contando Os Mortos”, a clássica “Sofrer” e a faixa-título, por exemplo).
Quanto aos integrantes da banda, posso dizer que cada um deles possuem grande competência, especialmente o lendário guitarrista e fundador Jão, que se mostra eficiente na composição de ótimos riffs, e o baterista Spaghetti em sua última participação na banda, visto que seria substituído pelo excelente Boka dois anos depois.
No mais, recomendo para quem quer conferir o que eles são capazes de fazer fora do Hardcore costumeiro. Não é seu melhor disco, mas certamente está entre os melhores. E lembrando que, tanto “Anarkophobia” quanto “Brasil” acabaram de ganhar uma reedição caprichada. Próprio para um bom headbang!
João Gordo (vocal)
Jão (guitarra)
Jabá (baixo)
Spaghetti (bateria)
01. Contando Os Mortos
02. Morte Ao Rei
03. Sofrer
04. Ascensão e Queda
05. Mad Society
06. Ódio
07. Anarkophobia
08. Igreja Universal
09. Commando (Ramones cover)
10. Escravo da TV
11. Jardim Elétrico (Mutantes cover – bônus da edição em CD)
12. (All I Need Is) Hatred (bônus da reedição)
13. Death To The King (bônus da reedição)
14. Counting The Dead (bônus da reedição)
15. Universal Church (bônus da reedição)

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